Editorial

Uma noite inimaginável

Era pouco mais de 22h de quinta-feira (9) quando a Prefeitura de Pelotas emitiu o alerta de evacuação imediata dos balneários Valverde e Santo Antônio. Um dos momentos mais agonizantes da história do nosso bicentenário Município. Ver um dos nossos cartões postais sendo tomado lentamente (mas nem tanto) pela água e não poder fazer nada mexeu com o coração de todos os pelotenses.

Para nós, do Diário Popular, que tínhamos acabado de fechar a edição especial digital, foi um aviso para voltarmos à Redação e irmos ao Laranjal, junto à ferragem Kitijolo, acompanhar a movimentação de poder público e voluntários. Lá, nos deparamos com um batalhão de heróis, alguns pelotenses, outros vindos de fora, que deixaram seus lares na noite mais fria do ano até aqui e foram para uma zona de risco ajudar a comunidade a deixar suas casas no momento de aperto.

A nossa reportagem circulou com alguns deles e nossa audiência pôde acompanhar ao vivo os desdobramentos. Em um momento, o repórter Heitor Araújo transmitia a chegada de uma família resgatada por bombeiros e voluntários, uma cena extremamente emocionante de se ver. Foram outros vários momentos marcantes, como a água subindo, avançando pelas ruas e muitos tendo que sair com urgência.

Houve ainda a angústia de ver que muita gente não acreditou nas orientações, mesmo com tantos alertas e cenas do resto do Estado sofrendo. Tivemos a benção de saber de antemão o que aconteceria por aqui e é impossível aceitar que alguém tenha ignorado o alerta. Muitos falam em bens materiais, mas o que é isso diante da iminência de perder a vida?

Durante a noite, acompanhamos o sofrimento de quem assistia tudo também. O Diário Popular acabou se reinventando em alguns pontos. Somos o maior veículo de comunicação sediado em Pelotas e, para isso, estamos andando pelas ruas em três turnos mostrando em tempo real nas redes sociais o que acontece. Sem edição impressa, todas as atenções estão voltadas ao site. Durante a transmissão de quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas do mundo inteiro acompanharam por mais de três horas, ao vivo, o que acontecia no momento desesperador que vivia o Laranjal, se compareceram, tiraram dúvidas e mantiveram-se a par.

Na história de Pelotas, por décadas a vir, quiçá séculos, a madrugada de 10 de maio de 2024 vai ser lembrada.


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